Ela olhou para eles e não conseguiu acreditar que uma traição fosse tão injusta assim. Eram as pessoas que mais confiava no mundo, principalmente depois de tanto tempo, tantas confissões e cumplicidades. Traidores, estranhos, verdadeiros demônios. Ela só queria poder respirar fundo e ter uma bola de cristal para saber como seria sua vida daí pra frente, ela não tinha a mínima idéia, nenhumazinha.
"Mamãe," a pequena Caroline a chamou "a gente ta indo pra onde?"
"Eu não sei filha, por quê?"
"O papai ainda não chegou, a gente vai sair de viagem sem ele?" a inocência da pequena criança a machucava mais ainda. "E tem o Bob, ele vai também? Tão pequeno assim?"
"Seu irmão só precisa de carinho e vozes acolhedoras" ela sorriu, acariciando a barriga ainda oculta.
"E o Chris? Ele é quase do meu tamanho, mamãe."
Ela parou de colocar as roupas da filha na mochila cor de rosa e pensou no filho do meio, Christopher, que era apaixonado com o pai e, com certeza, não o largaria. Seria uma conversa difícil, o menino tinha apenas seis anos, estava entrando em uma escola nova e provavelmente mudaria outra vez. Ela respirou fundo e pediu à Deus - mesmo que nunca tenha sido religiosa - que lhe ajudasse a recolher cada pedacinho de suas estrelas caídas ao chão, ela precisaria de toda força do mundo para seguir em frente. Então se lembrou de seus sonhos mais antigos, sonhos de criança, quando era apenas uma menina inocente e se encantava com o amor dos pais, acreditando que a sua vez chegaria, um dia. Ela não desistiria tão fácil, mesmo com os estudos inacabados, sem qualquer experiência profissional e três filhos no colo.
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