quarta-feira, 18 de novembro de 2009

saudade, já não sei se é palavra certa para usar, ainda lembro do seu jeito

Oi, pai.
Como você está? Ainda é estranho não ter notícias suas, mesmo que já tenha passado tantos anos assim. Não sei se essa carta vai chegar até você, mas, para mim, é como uma forma de manter contato.
São tantas coisas para contar! É claro que sabe que eu casei, essa notícia não passaria em branco. Queria que você tivesse entrado comigo na igreja, queria que fosse você ao meu lado a casa passo dado e, no fim, me entregasse ao noivo. Mas nem tudo é possível, não é mesmo?
Ah, e tem minha filha. Ela está linda, enorme e não para quieta. Anda para todo lado, fala com todo mundo, às vezes até me dá medo, ela não distingue estranhos de quem conhece. Alguns dias atrás a perdi no WallMart. Ela estava dentro do carrinho, como gosta de ficar, e quando me virei já não estava mais lá. Foi uma confusão, um alvoroço, e de repente a vi comendo biscoito recheado em um dos corredores. Acostumei-a a não comer, mas deve ter comido na escola, por algum coleguinha. Ela já está na escola, acredita? Ela me orgulha tanto! Às vezes é com dor que a vejo perguntar sobre o avô, já que tem duas avós e só. Posso te contar um segredo? Estou grávida de novo. Não disse à ninguém ainda, não sei qual será a reação de mamãe ou de meu marido, por exemplo, mas tenho que me preparar para dizer.
Ah, pai, sinto tanto a sua falta, de quando me colocava nos ombros para andarmos mais rápido ou até mesmo de me proibir de ficar acordada até tarde esperando mamãe chegar. Sinto sua falta, pai.
Bom, fico por aqui e espero de verdade que esteja bem.
Ainda te amo, pai, não deixei esse sentimento morrer em mim.
Com todo amor,
beijos,
sua única filha.



Continua, um dia.

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